5 mentiras sobre Transtorno Alimentar que você deveria saber.

O transtorno alimentar tem sido tópico de muitos atendimentos aqui no consultório, principalmente depois da primeira onda da pandemia — pessoas que já sofriam de alguma forma, se sentiram mais vulneráveis e tiveram piora dos sintomas, e alguns outros que nunca tinham desenvolvido queixas mentais, se surpreenderam com o início delas.

Não consigo comer, trava; tem um bolo na garganta. Perdi muito peso”, “Dra. tenho comido demais, até passar mal, ganhei peso e não consigo perder; faço dieta, mas tem dias que tô mal e não consigo me controlar”, “tenho vomitado mais. Fazia tempo que isso não acontecia mais”

Anorexia nervosa, Bulimia nervosa, Transtorno de compulsão alimentar etc…

Quer saber? É mais comum do que você imagina. O problema é que ainda falamos pouco sobre o transtorno alimentar, então, quis trazer para você um pouco mais sobre esse tema tão comum.

Vamos lá?

O Transtorno Alimentar

Ter um transtorno relacionado à alimentação não é simplesmente comer “de mais” ou “de menos”. Pode-se ter oscilação no padrão de apetite com a alteração de humor do dia a dia. E isso é normal. Ter um transtorno compreende prejuízos bem maiores e mais amplos. Fica a pergunta: Como identificar que o que tenho é um transtorno alimentar ou uma alteração passageira?

Primeiro passo e talvez o mais importante é perceber que EXISTE ALGO ERRADO. A partir disso, buscar ajuda profissional; fazer leituras de fontes confiáveis; conversar com amigos e familiares sobre o que tem sentido e a impressão que têm sobre seu problema, também pode ajudar.

O diagnóstico do transtorno alimentar necessita de critérios que não são aleatórios — foram estudados, descritos e reunidos em manuais e livros específicos de Psiquiatria. É por isso que a avaliação profissional é indispensável. Até porque perceber que existe um problema já é bom, mas bom mesmo é enfrentá-lo e se sentir melhor, não é mesmo?

Portanto, vamos entender essas 5 mentiras?

O transtorno alimentar acontece só com mulheres.

Uma grande mentira! O transtorno alimentar acomete homens também, mesmo sendo sim mais comum no sexo feminino. Esse mito faz com quem muitos homens não consigam observar e aceitar que possuem uma doença e consequentemente, buscarem ajuda e tratamento adequados. Se sentem “fora do lugar”, resistindo a uma avaliação profissional, o que prolonga o sofrimento desnecessariamente. Um sofrimento que é mental e físico.

É fácil detectar o transtorno alimentar.

Há pacientes adultos que chegam no meu consultório e dizem “é a primeira vez que consigo falar sobre isso”. A maioria não chega na consulta por causa do transtorno alimentar: procuram por causa de crises de ansiedade, insônia, sentimento de tristeza profunda, dificuldades nas relações e no trabalho.

Quando estabelecemos um vínculo e a consulta vai acontecendo, os pacientes conseguem se abrir e expor aquilo que é para eles motivo de vergonha; um peso que é carregado por anos.

” Dra., eu acho que tenho bulimia desde os 12 anos” me contou uma paciente no auge dos seus 37. Ninguém sabia de sua condição.

Tendemos a acreditar que as pessoas que sofrem de transtorno alimentar são muito magras, ou muito gordas ou ainda que vomitam toda hora. Essas são situações e quadros extremos e que não representam todos os tipos de transtornos alimentares. Há casos de vômitos provocados e menos frequentes; de uso de diuréticos, de prática excessiva de exercícios; estes passam despercebidos muitas vezes. Portanto, esteja atento!

O transtorno alimentar passa sozinho com o tempo.

Não, isso não acontece! Tampouco há atalhos no seu tratamento. É necessário enfrentar o problema para realmente resolvê-lo; isso nem sempre é feito sem medo ou angústia mas com ajuda e suporte necessários é possível.

Comento com meus pacientes que nossas dificuldades, problemas, são como uma “imagem que se forma no escuro do quarto…um chapéu e uma capa podem parecer um entidade sobrenatural. Num primeiro momento fechamos os olhos, ficamos tensos…entretanto, se fizermos um esforço e vencermos o medo, perceberemos que se trata de uma ilusão. É somente um chapéu e uma capa.”

É preciso olhar de frente para entender que a doença não é tão assustadora assim; que você pode e merece uma vida melhor. Merece um tratamento guiado com acolhimento e competência.

O transtorno alimentar pode melhorar com o tempo, mas também pode voltar, pode mudar de forma e pode se agravar. Observe-se.

Usar somente medicações garante a cura do transtorno alimentar.

É um pouco mais complexo que isso. Nosso adoecimento acontece também de acordo com nossas crenças de mundo, nossa percepção da vida e de nós mesmos, nossa criação e experiências de infância, nossa genética. Logo, para um tratamento eficaz, vária frentes são necessárias: Consultas regulares e adesão medicamentosa, quando indicada; psicoterapia; avaliação nutricional; atividade física; melhora de aspectos de rotina etc.

É importante entender que neste caminho o paciente não estará sozinho. Poderá tirar dúvidas, questionar medicações e encontrar um tratamento multidisciplinar adequado para seu caso.

“Meu problema é só a alimentação”

A alimentação é uma questão muito mais abrangente que apenas a nutrição em si. É sobre a forma como nos comunicamos com o mundo e conosco. Muitas vezes, quando comemos em excesso, não estamos ingerindo somente a comida em si, mas também sentimentos. Acaba sendo uma válvula de escape para questões difíceis de lidar ou uma busca por um prazer rápido, que infelizmente é também passageiro.

Pacientes que provocam vômitos raramente estão vomitando o lanche, a pizza…estão pondo para fora emoções densas que estão pesando em toda a sua vida,

Equilibrar a mente e melhorar a rotina geralmente é o primeiro passo para o sucesso do tratamento com resultados duradouros. Por isso, não adianta tomar só o remédio se sua mente não está sendo trabalhada.

Como tratar transtorno alimentar

Se você, ou alguém que conhece, sofre com compulsão alimentar, bulimia, anorexia, dentre outros tipos de transtornos alimentares, saiba que o tratamento é possível. É indispensável a atuação de uma equipe multidisciplinar– dessa forma, unindo a psiquiatria com o acompanhamento por outras profissionais como o psicólogo, nutricionista, endocrinologista etc.

Trabalhar mente e corpo ajudará você a transitar para uma melhor qualidade de vida.

Pense sobre isso e se achar que precisa conversar mais sobre o assunto ou sobre o tratamento, entre em contato ou agende diretamente a sua consulta.

Compartilhe com quem importa:

Pesquisar
Lílian Félix - Doctoralia.com.br
Abrir o whatsapp.
💬 Como posso te ajudar?
Escanear o código
Olá 👋!
Como posso te ajudar?